sábado, 10 de junho de 2017

Cartão postal

E mais uma vez eu fui até minha caixa de lembranças, confesso, por vezes fui até lá, tentando encontrar você ou talvez algum resquício de sua verdadeira existência. Meu suspiro de saudade foi o único som que ouvi. A casa estava vazia, teias de aranha começavam a se formar entre a mesa e a cadeira, deixando claro que aquela noite, em que estivemos sentados de frente um para o outro, foi a última vez em que estiveram distantes. As cortinas estavam abertas, ainda presas pelas alças bordadas, como você havia deixado. Com lágrimas nos olhos, observei a poeira que dançava sob os raios de sol iluminando o tapete, lembrei de quantas vezes​ nossos pés descalços estiveram juntos sobre ele. Sentei-me então em sua poltrona, sem me importar por estar tomada pelo pó, como se dali eu pudesse ter a mesma visão que pudera ter de mim naquela noite. Pensei, que talvez conseguisse entender, se representei algo pra você, o que sentia ou pensava a meu respeito e se eu "existi" para você. Mas foi em vão, a casa estava vazia e... eu também. Embora a beleza daquele ambiente esbanjasse a alegria daqueles dias em minhas memórias, naquele instante ele estava frio, triste e esquecido. Um cartão postal, dando a alguém uma vaga noção, apenas a oportunidade de imaginar o que um dia para mim foi tão real.

Por Sônia Regina

2 comentários:

  1. Ah as lembranças do passado... às vezes tão gostosas, às vezes tão dolorosas e que nos fazem chorar.

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    1. Oi Nice, lembranças sempre trazem lágrimas sejam elas de alegria ou de dor. Obrigada minha flor, pela sua presença sempre importante aqui. Bjs !

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