quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Estou renascendo...por amor

Um mês depois de receber a carta da mãe, Nina voltou para sua casa no vilarejo, retomou seu trabalho na loja de antiguidades de Luís e Júlia.

Este ano tudo estava diferente, os pais lhe haviam escrito dizendo não poder passar as festas com ela como todos os anos, pela primeira vez seus pais disseram que queriam passar a noite de Natal com uns amigos na corte.

Embora chateada, ela não demonstrou isso á ninguém. 
E em companhia de Luís e Julia partiu para a fazenda de Heitor, levando no peito um sentimento de abandono e solidão.
Embora soubesse do carinho dos patrões por ela,  isso não substituiria a presença dos pais.

Ao chegarem a fazenda, Heitor os recebeu e ao entrar na sala de estar, Nina teve uma surpresa, seus pais estavam lá. 
Heitor fez tudo de forma que ela não percebesse, pediu á todos que guardassem segredo.
Naquela noite de natal ele a pediu em casamento.

Três meses depois estavam casados...

No porto,  os pais de Nina, Luís e Júlia, se despediram do casal,  que iriam em viagem de lua de mel a Londres, onde Heitor apresentaria ao filho sua nova esposa.

O navio anunciou a partida, afastava-se lentamente, enquanto em terra, os que ficavam acenavam com seus lenços, para as pessoas no convés.

Eles se beijaram com paixão, enquanto o navio se afastava da terra levando ambos para uma nova vida.

“Está feliz minha menina?” Perguntou-lhe Heitor.

“Feliz?” Ela abriu-lhe o mais belo sorriso

“Muito, muito feliz Heitor. Estou renascendo meu querido... por amor.”

                                                               Fim

Nina é uma personagem fictícia, que amo e admiro, por sua coragem e determinação em querer viver o amor, ser livre, independente, em um século em que as mulheres eram impedidas de divergir dos dogmas da sociedade, não podiam expressar ou ter opinião própria.
Um tempo em que crianças nascidas do sexo feminino não eram desejadas, mas vistas como uma “moeda de troca” minha filha por um dote. 
Eram criadas e educadas para serem boas esposas e mães.
A personagem Nina, sofreu as atrocidades de um homem maldoso, violento, covarde e possessivo, que em sua agressividade desmedida levou-a a infertilidade.
Nina enfrentou uma sociedade preconceituosa e machista ao fugir com um homem negro, por acreditar no amor. Lutou para ser aceita e conquistar o respeito das pessoas no vilarejo em que se instalou. 
Como tantas mulheres, ela foi traída por seu amado, foi abandonada por ele.
Ela chorou, sofreu, mas não baixou a cabeça e seguiu em frente, batalhando com dificuldade para manter-se com seu trabalho, sem ter que voltar atrás em suas conquistas. 
Dou a você liberdade para imaginar o final que quiser para Nina, 
No que depende de mim, o meu final para está minha querida personagem "Nina"? 
Ela será imensamente feliz.








terça-feira, 30 de agosto de 2016

Renascer - Novas notícias

Ilídio bateu na porta da sala de leitura onde ela estava.

“Licença Nina, fui á cidade e passei pelo correio, tinha esta carta pra você.” Ele disse entregando-lhe a carta.

“Muito obrigada Ilídio. Fora de hora esta carta... é de minha mãe, o que será que aconteceu.”

“Não há de ser nada de mal, confie Nina, não será nada de mal. Se me da licença, vou deixar você a vontade, qualquer coisa é só chamar.” Ilídio disse com sua simpatia e retirou-se da sala.

Havia um mês que ela estava hospedada na casa de campo de Luís, e quase isso da visita de Heitor.

Apreensiva ela abriu a carta:

Querida filha,
Espero que esta lhe encontre bem e feliz. Está gostando do novo lar?
Eu e seu pai estamos bem, ele como sempre teimoso....

Escrevo fora do período a que estamos acostumadas filha, para dar-lhe uma notícia, embora não seja a que gostemos de anunciar referente a qualquer pessoa.
É sobre Fabrício, ele  meteu-se em mais uma briga na “casa” que comandava, mas nesta briga ele não se deu bem. Sinto muito dar-lhe esta notícia assim minha querida, mas não encontrei outro modo de fazê-lo. Ele foi morto por um dos cliente do bordel. Apesar de ser uma notícia fúnebre e triste, não se lamente, filha, dos males o menor, agora você está livre, não precisará mais fugir, ou se esconder. Poderá viver de verdade. 
Fico por aqui deixando um grande abraço meu e de seu pai, pedindo a Deus que a abençoe.
Nina pousou a carta sobre o colo, não conseguiu derramar nenhuma lágrima, sentiu-se mal por isso, ela não desejava a morte dele.  Ela mesmo se confortou:

"Erga esta cabeça Nina, Deus tenha misericórdia de sua alma e  perdoe todas as atrocidades que ele fez, e que ele possa descansar na eternidade."

Respirou fundo,  sentiu a leveza tomar conta do seu ser. Ela estava realmente livre, não precisaria mais se esconder como a mãe lhe dissera na carta.
   
Agora tudo mudaria novamente.... agora era momento de renascer para si mesma, para a vida, para o amor....

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Recomeçar – De corpo e alma

...Em um instinto indomável, ela o abraçou, percebendo seu atrevimento e pensando em afastar-se dele, sentiu seu abraço carinhosamente retribuído.


 Devagar foram se soltando do abraço, ela quebrou o silêncio:

“Como soube que eu já havia chegado?”

“Fiz contas após a chegada de sua última carta, deduzi que estariam chegando hoje, pensei em vir dar-lhes as boas vindas, mas Ilídio disse-me que Luís e Júlia partiram ontem.”

“Sim. Dr. Luís tem seus negócios, não poderiam ficar mais. Senti muito a partida deles.”

“Entendo, sei que não é fácil viver longe de pessoas amigas.”

“Não é fácil, mas estou acostumada com a solidão Heitor...como você.”

Ambos se olharam como se quisessem falar alguma coisa pelo olhar, eles haviam conversado pouco desde que se conheceram, ela o olhou com calma observando o quanto ele era elegante, seus cabelos e barba grisalhos e bem aparados, olhos castanhos, traços fortes e bonitos.

Geralda  anunciou que iria lhes servir um lanche no jardim, eles caminharam para lá... O dia estava lindo.

“Como Ilídio cuida bem deste lugar, um dos mais belos jardins que conheço, e olhe que conheço vários.” – Comentou Heitor puxando a cadeira para que ela sentasse e se acomodando na cadeira em frente a dela.

“Sim. Ele é muito caprichoso. Geralda também,  são adoráveis. É muito bom tê-los por perto.”

Conversaram sobre vários assuntos, a manhã passou muito rápido. 
Almoçaram e foram para a sala de leitura onde Heitor comentou sobre as obras e seus autores favoritos.  Passaram uma deliciosa tarde. 

"Agora devo ir Nina. Logo começará a escurecer."

“Mas é tarde Heitor, não quer ficar? Como viu a casa tem cinco quartos bem confortáveis .”

“ Não Nina, não ficaria bem me hospedar aqui estando você sozinha.”

“Pare com isso Heitor, eu já fui casada... vivi maritalmente com um negro alforriado, quer assunto melhor para os alcoviteiros?"
Já lhe falei tudo da minha vida Heitor,  o que mais teriam para falar de mim? E quem?”  Ela gargalhou, pois não haviam vizinhos, ali só haviam Geralda e Ilídio, eles sabiam tudo de sua vida.

“Não é necessário que eu me hospede aqui Nina.  Luís não lhe disse, eu acho.” Ele falou também sorrindo contagiado pela alegria dela.

“Disse oque? Porque não é necessário? É perigoso viajar a noite, se precisar não encontrará ajuda alguma." Nina perguntou preocupada fechando o sorriso do rosto.

“A fazenda onde vivo minha querida, fica a pouca distância daqui, estamos mais perto do que imaginas.” -Ele confidenciou feliz- "Poderemos nos ver todos os dias.... se você quiser,"

“ Não entendo porque  Dr. Luís e Dona Júlia nada me contaram. Devem ter esquecido."

“ Luís me avisou através de um mensageiro, que a traria para cá e por qual motivo fazia isso. Mas ele pretendia ficar uns cinco dias aqui, foi embora antes. Se eles não disseram nada á você, é porque queriam que fosse uma surpresa. Eles me pediram para que eu viesse até aqui as vezes para ver se você precisava de alguma coisa... se estava tudo bem. Luís se preocupa muito com você, por ele ...quer que sejamos mais que amigos."  Ele confidenciou sorrindo

"Mas.... veja só. Como sabe?  Ele lhe falou alguma coisa?"  
Ela riu pensando que Luís sempre a protegia sem que ela percebesse,  

"No dia em que cheguei de Londres, após o jantar estávamos conversando quando você se retirou.. Está lembrada? Esperto como é, Luís percebeu meu interesse quando perguntei algo sobre você...”

“Ah isso é verdade. Dr. Luís é um homem muito perspicaz, deve ser pela profissão.” 
Concordou ela acompanhando Heitor que se dirigia para fora da casa. Chegando perto da carruagem, parou para se despedir.

“Muito obrigada pelo dia maravilhoso. Fez-me um bem enorme vê-la novamente menina.”

“Agradeço da mesma forma Heitor. Adorei a surpresa e passar o dia com você, volte quando quiser.”

Ele se aproximou dela diferente das outras vezes, pousou as mãos em sua cintura, e beijou-lhe a face delicadamente, ficaram muito próximos, os olhares se cruzaram. Devagar ele encostou seus lábios nos dela,  puxou-a para junto de si, e beijo-a com doçura e desejo. 

Ela se entregou inteiramente as sensações que aquele beijo provocava, beijaram-se longamente. 
Nunca em sua vida, alguém a beijou daquela maneira, nem Jonas e muito menos Fabrício, jamais ela imaginou que um beijo pudesse dizer tanta coisa.

Heitor foi o primeiro que a beijou assim, de verdade, de corpo e alma... 



quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Recomeçar - A primeira surpresa

Nina acordou com o sol batendo em sua janela, o ambiente era leve, a cama com dossel trazia um ar romântico e muito especial ao quarto.
Levantou-se abriu a janela, ficou maravilhada com a vista. 
Realmente era um presente estar hospedada ali por uns tempos.
Geralda bateu na porta
“Pode entrar”
“Bom dia senhora.” Cumprimentou a governanta olhando pela fresta da porta.
“Bom dia Geralda, entre.”
“Trouxe-lhe o desjejum, frutas, suco de laranja e pão, espero que goste. ”
“Geralda adoro, mas não precisa fazer isso. Descerei todos os dias e tomarei café lá embaixo, está bem?”
“A senhora é quem sabe Dona Nina, eu fazia sempre isso para Dona Júlia, farei para a senhora também com prazer.”
“Agradeço demais sua gentileza minha querida, mas eu prefiro continuar com meus hábitos, há anos não me servem café na cama, não quero ficar mal acostumada.”
Nina explicou brincando, recebendo o doce sorriso de Geralda que se virou para sair.
“Geralda.... não me chame de senhora... me chame apenas de Nina, pode ser?”
“Como quiser ...Nina.”
Ela tomou o café, se vestiu e pegou a bandeja para levar para a cozinha......
Uma carruagem parou em frente ao portão de entrada, Ilídio foi atender Geralda ficou espiando, quando viu que Ilídio abriu o portão para a carruagem entrar, correu pela casa gritando
“Nina.... Nina.... Dona Nina....”
“O que houve Geralda?” Perguntou ela olhando do alto da escada, com a bandeja do café na mão, enquanto Geralda subia as escadas para falar-lhe:
“Nina... chegou...uma carruagem..... chique ...bem chique...” Disse a governanta tentando recuperar o folego.
Assustada Nina deixou a bandeja no aparador, puxou Geralda pela mão e trancaram-se no quarto, caminhou até a janela para tentar ver quem era enquanto buscava saber da governanta de quem se tratava.
“Você conseguiu ver quem era?”
“Só de longe, Nina, é alto, não é muito novo não.”
“Quem será Geralda ninguém sabe que estou aqui?” 
 Um frio percorreu sua espinha.
 “Meu Deus.... que não seja Fabrício. ” 
 Ela ajoelhou-se em posição de prece e alguns instantes depois falou:
“Geralda, desça vá tentar descobrir quem é, não fale nada apenas ouça e venha me dizer o que descobrir, veja se é alguém que você conhece.”
“Volto logo, não abra a porta enquanto eu não falar que esta tudo bem.”  
Orientou a governanta retirando-se do quarto.
Pareceu-lhe uma eternidade aqueles minutos até que Geralda voltasse:
“Nina abra a porta, está tudo bem é um conhecido, você deve conhecê-lo também porque ele disse que já viu você na loja do Dr.Luís.”
Nina puxou Geralda para dentro e perguntou:
“Ele disse o nome? ...É loiro? .... Tem olhos de que cor?” 
Ela interrogava Geralda sem dar tempo para respostas
“ Calma Nina, não vi nada disso não.  Ele já veio várias vezes aqui com Dr. Luís e Dona Júlia, não lembro o nome dele.
A tensão no rosto dela sumiu, era Heitor só podia ser ele. Desceu as escadas correndo, e foi á sala de estar, onde o encontrou de costas olhando o jardim pela janela.
“Heitor?” Ela o chamou
“Nina.” Ele caminhou até ela cumprimentando-a com seu jeito gentil e habitual. 
“Perdoe minha petulância em vir visitá-la sem aviso.”
“Heitor, meu amigo fez bem em vir, como é bom vê-lo aqui.”
Em um instinto indomável, ela o abraçou, percebendo seu atrevimento e pensando em afastar-se dele,  sentiu seu abraço carinhosamente retribuído por ele.....

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Recomeçar – Novos Ares

Nina, Luís e Júlia, Chegaram a cidade já perto da hora do almoço.
Já em casa foram recebidos por Geralda a governanta, que  já havia deixado tudo pronto, era uma mulher simpática e muito simples, como também Ilídio seu marido, encarregado de cuidar do jardim e da manutenção da casa.
Após o almoço, Luís e Julia levaram Nina para conhecer a cidade, apresentaram-na a alguns donos de estabelecimentos, que poderiam ajudá-la caso ela viesse a precisar. 
Julia a levou primeiro para conhecer a loja de tecidos de propriedade de Aurora a modista.
Luís apresentou-a á um circulo de amigos de sua confiança. Queria deixar Nina amparada.
Ao retornarem, tomaram o café da tarde, e lhes apresentaram todos os ambientes da casa, 
a biblioteca,  sala de leitura , de estar,  sala de jantar, tudo mobiliado com muito bom gosto. 
A levaram  para uma caminhada  aos arredores da casa, para que ela se familiarizasse com sua nova morada.  mostraram  o estábulo, a horta, o pomar. 
O jardim lindamente encantador, com entrada enfeitada por uma pérgula, uma mesa e cadeiras bem talhadas ofereciam tranquilidade de frente a uma fonte com peixes bem ao centro. 
Dois dias depois Luís e Júlia foram embora, despediram-se com lágrimas nos olhos, mas tinha que ser assim.
Não teria problemas em se acostumar com a beleza daquele lugar.
Agora,  Nina teria que se adaptar a nova vida, criar novos hábitos, começar de novo a reconstruir sua vida e seus sonhos, sim eles ainda existiam, e ela estava decidida a tornar alguns deles realidade.....




domingo, 21 de agosto de 2016

Recomeçar - A Despedida

As malas já estavam prontas, agora era só esperar pelo dia marcado por Luís para que partissem para a nova cidade, nova casa, nova vida.
Já havia colocado as cartas no correio uma para Heitor outra para os pais. 

Olhou a caixa sobre a mesa, coisas que eram de Jonas, precisaria entregá-las, mas como?
Uma batida na porta a trouxe de seus pensamentos, foi olhar e surpreendeu-se, era Jonas, e ela havia acabado de pensar nele.
"Jonas, que surpresa."
"Bom dia Nina. Posso entrar?"
"Claro entre, tenho mesmo que lhe entregar alguns pertences."
"Nina, vim avisá-la que o calhorda do Fabrício esta rondando a cidade, precisa tomar cuidado. Mesmo estando separados eu me preocupo demais com você, aquele homem quer acabar com você."
Ela suspirou e respondeu:
"Eu já sei Jonas, ele já tentou me pegar outro dia, não fosse Dr. Luís..."
"Meu Deus Nina, precisa sair daqui, lembra-se de quando ainda casados ele a jogou para fora da carruagem em movimento? Se eu não aparecesse ele teria voltado e passado por cima de você. "
"Como eu poderia esquecer Jonas? E também, não me esqueço quando ele me disse que queria que eu fosse para o convento para que nenhum homem mais se aproximasse de mim...que eu era só dele. É um doente, um doente assustador"
"Precisa desaparecer rápido daqui Nina."
"Calma Jonas, já está tudo acertado, Dr. Luís e Dona Júlia já cuidaram de tudo." 
Apontando para as malas disse á ele:
"Como pode ver já estou de partida, estava exatamente pensando em como entregar á você alguns pertences seus que ficaram aqui. Estão nesta caixa, pode levá-los."
"Para onde vai? Venderá a casa?
"Não vou vender, vou alugar e com o valor me ajeito em outro lugar."
"Já sabe para onde vai? Eu... " Nina o interrompeu
"Jonas, melhor que ninguém saiba para onde irei, é mais seguro, para mim e para você, estarei bem, perguntou se vou vender a casa, porque? Precisa de dinheiro? Quer que eu venda e dê a sua parte? "
"Não, de jeito nenhum, como genro do "Coronel" nada preciso. Não quero nada, estou mesmo preocupado em como irá se virar."
"Perdoe-me Jonas, mas você não se preocupou com isso quando me abandonou, porque se preocupa agora?.. Deixe isso pra lá, pode pegar suas coisas."
Jonas pegou a caixa, despediu-se dela que ao abrir a porta para que ele saísse encerrou:
"Boa sorte Jonas, espero que seja muito feliz com sua família, obrigada pela preocupação comigo. Deus abençoe você. "
"Obrigada Nina, perdoe-me por ter sido desonesto com você. Seja feliz também."
"Adeus Jonas."
Ela fechou a porta, agora não tinha mais nada para acertar com relação ao seu passado com Jonas, poderia recomeçar sua vida novamente. 
Ela não estava alegre por tudo isso, afinal teria que deixar pessoas queridas para trás, mas a vida estava trazendo novos desafios, e ela os encararia, ela queria estar feliz, ser feliz, e era de dentro dela que ela traria a força e a vontade de recomeçar sua vida....sozinha, como sempre fora.

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Recomeçar parte 8


Nina saiu para o trabalho, olhou para os lados para se certificar de que não teria mais surpresas como do dia anterior.

Chegando a loja, foi á biblioteca conversar com Luís.

“Bom dia Dr. Podemos conversar?”

“Nina, bom dia! Claro, entre também quero falar-lhe.”

“Dr. Desde ontem venho pensando, não posso mais continuar a morar aqui depois do que aconteceu ontem. O pior para mim é deixar a loja, o senhor cofiou em mim, enfrentou também o preconceito maldoso das pessoas quando me colocou a frente de sua loja. Hoje as pessoas me respeitam por sua colaboração e também pelo prestígio que tem na cidade. Ficar distante do senhor, de  Dona Julia e da loja, é o que mais me dói nisso tudo.”

“Entendo você filha, mas neste momento é inviável que permaneça aqui. Estive conversando com Júlia e ela me deu uma ideia, vamos ver o que você acha... Temos uma casa de campo em uma cidade vizinha, é uma lugar bem frequentado, porém pouco conhecido, temos uma governanta e seu marido que cuida da manutenção, eles podem ajudá-la e você não se sentirá tão sozinha, são ótimas pessoas, estão conosco há muitos anos.”

“E vocês acham que eu poderia ficar um tempo lá?” Perguntou ela

“Sim, você ficaria na casa, continuarei pagando os funcionários como sempre fiz, este gasto você não terá.”

“Mas Dr. Sem trabalho, não poderei me manter, e não quero em hipótese alguma que o senhor e dona Júlia pensem em  me sustentar, se assim quisesse, voltaria a viver com meus pais, eles tem condições para isso.”

“Calma menina”- disse Luís em tom de brincadeira- “Pensei que poderíamos alugar sua casa, o valor do aluguel eu enviaria á você, assim teria como se manter perfeitamente bem e com sobra. O que acha?”

Nina gostou da ideia

“Adoraria Dr. Seria uma nova oportunidade... mas trabalho... este não creio que consiga. É importante para mim o senhor entende?”

“Sim, tem grande potencial. Imagino o quanto será difícil se acostumar a vida doméstica... pense que está de férias.” Concluiu Luís bem humorado.

Ela retribuiu-lhe o sorriso e concordou.

“Farei isso Dr. é o tempo para arrumar minhas coisas e estarei pronta para ir.”

“Sim, vou mandar um mensageiro levar minhas ordens aos dois para que mantenham a casa a nossa espera,
eu e Júlia a levaremos. A casa já está mobiliada não precisará levar seus móveis. Poderemos ir assim que estiver pronta." 

“Obrigada de novo, Dr. Luís. Nunca poderei agradecer ou pagar-lhes o bem e ajuda que me fizeram e que continuam a fazer.”  Ela falou com o olhos marejados de lágrimas.

“Ahhh estava me esquecendo, vou pagar-lhe todos os direitos pelo tempo que trabalhou conosco, terá uma boa reserva filha.”

“Ah Dr. O senhor e dona Júlia são como anjos em minha vida, muitíssimo obrigada.”


Nina foi pra casa, precisava agora arrumar suas coisas o mais rápido possível, não iria ficar no vilarejo mais tempo que o necessário...

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Recomeçar parte 7

Nina começou a ler a carta que os pais enviaram, a mãe lhe contava que Fabrício agora era dono de um bordel e tinha como aliada uma mulher sem escrúpulos que aliciava jovens para “trabalharem” naquele lugar em troca de moradia e alimentação. Que ambos eram evitados e mal vistos por todos na cidade. Pedia a ela que tivesse cuidado porque Fabrício havia aparecido na fazenda, bêbado e lhes falou que havia descoberto seu paradeiro e que iria atrás dela.
“_Mamãe, sua carta chegou tarde.”Sussurrou ela.
Continuou a leitura onde a mãe lhe pedia que não fosse para a fazenda para as festas de final de ano, como fazia todos os anos, assim não correria o risco de encontrar o inconveniente e agressivo Fabrício. Lamentava que por mais que desejassem muito vê-la, eles preferiam que ela estivesse a salvo e bem longe da cidade. 
Ela  pensou que adoraria ter os pais por perto, mas agora não poderia convidá-los a vir até ela como estava planejando fazer.  Precisava escrever para os pais e avisá-los que Fabrício já a tinha encontrado e que ela deveria afastar-se por um tempo daquela cidade que por muito tempo foi seu porto seguro. Não poderia mais continuar ali, Fabrício tinha novamente lhe tirado a paz de espírito, e isto a incomodava demais. 
desanimada, pegou a  carta de Heitor, sentiu-se tão bem em ver seu nome no envelope, pelo menos agora ao ver a letra dele, como por encanto não se sentia sozinha. 

“ Caríssima Nina,

Espero que esta carta a encontre bem e ainda mais encantadora quanto a última vez em que a vi.......
Meus dias tem sido vazios, nunca me senti tão sozinho, talvez por ter ficado tantos dias em companhia de Luís e Júlia, sinto falta das conversas que tive, das pessoas que conheci na casa de meus estimados amigos. Confesso menina, que sinto falta de sua companhia, do café que tomávamos a tarde na loja, de seu sorriso espontâneo.
Atrevo-me nesta primeira carta em meio a minha nostalgia, fazer-lhe um convite. Já tem planejado suas festas de final de ano? Se não tiver planos gostaria de passá-las aqui em minha fazenda?
Como deve saber, Luís e Júlia virão para passar as festas aqui comigo.  Você poderia vir com eles, já que a loja ficará fechada até que se inicie o novo ano. 
Pense em meu convite, poderemos assim conversar e nos conhecer melhor. 
Se aceitares meu convite Nina, me sentirei muito feliz e honrado em recebê-la em minha casa. Despeço-me agora menina ansioso por sua resposta.
Abraços Heitor”

Por mais que amasse seus pais, não estava disposta a arriscar-se a encontrar Fabrício mais uma vez. O ocorrido daquela manhã, já fora um castigo... um martírio. 
Pensou o quanto seria bom passar um tempo longe do vilarejo, ainda faltavam dois meses para o Natal.  Mas antes disso, o mais rápido possível, tinha que sair dali, precisava de um lugar para pensar no que iria fazer partir de agora, não poderia mais continuar na cidade. 


domingo, 14 de agosto de 2016

Recomeçar - parte 6

Nina passou no correio, um mês já havia se passado, duas correspondências para ela, a de Heitor e de sua mãe, as demais do Dr.Luís, que no dia anterior havia dito várias vezes que ela não se esquecesse de passar no correio porque esperava um documento muito importante.

Caminhando rumo a loja, uma mulher agarrou-a pelo braço e começou a forçar-lhe o passo, ao que ela indagou :

“_Ei o que é isso? Quem é você?”

A mulher vestida exoticamente, com um ar arrogante e um forte perfume, apertou-lhe mais o braço e falou irritada:

“_ Fique quieta, venha alguém quer falar com você.”

“_Não. Me solte...me solte...

A mulher parou em frente a uma carruagem, abriu a porta e Nina viu Fabrício, o desespero tomou conta dela, que em vão tentava soltar-se das mãos da mulher que a empurrava para dentro, e de Fabrício que a puxava doloridamente pelo braço forçando-a a entrar, não acreditava que estava frente a frente daquele sorriso maldoso e sarcástico novamente, era um pesadelo. 
Fabrício falou entre os dentes:

“_Sua cadela. Pensou que se livraria de mim? -Encostando sua boca bem perto dela esbravejou- "Eu te encontrei... agora vai levar o que merece por haver me feito passar ridículo quando foi para baixo das asas do papai!”

Nina gritava, ninguém por perto para ajudá-la , ela se debatia, chorava, gritava, olhava para os lados em busca de socorro. Resistia com toda força que possuía para que não conseguissem colocá-la para dentro. Ela sentia que se entrasse naquela carruagem, algo grave iria acontecer.

“_Me soltem, o que quer comigo? Não temos mais nada é conversar!”

“_ Será mesmo Maria Emília?! Ninguém esquece algo como o que você fez comigo. Nem mesmo tendo se passado cinco anos.”

“_ E o que você fez comigo...Sr. Fabrício?” - Gritou ela- Nem em mil anos esquecerei, me chutou, arrancou meu filho de mim, me bateu, humilhou, o que mais quer? Solte-me seu bêbado!!!”

Quase sem forças para continuar tentando se desvencilhar de Fabrício e da mulher, ela olhou mais uma vez para os lados em busca de ajuda, avistou Dr. Luís caminhando em direção ao correio e gritou:

“_Dr.Luís, me ajude. Dr. Luís...”

Luís então a viu sendo empurrada para dentro da carruagem e correu em seu socorro. Fabrício a olhou com ódio nos olhos e perguntou aos berros:

“_Quem é este idiota... quem é?” Irritado com a aproximação de Luís, ele a soltou deixando-a cair. A mulher entrou rapidamente na carruagem e o cocheiro saiu em disparada.

“_Nina, você esta bem, o que aconteceu filha?” Perguntou Luís ajudando-a a se levantar. Ela agarrou-se á ele chorando. “_Venha, vamos para casa. Acalme-se agora está tudo bem.”

Dona Júlia perguntou pegando a xícara de chá que ela acabara de tomar:

“_Você está melhor minha querida, quer falar o que houve?”

Ela contou a Dona Júlia e a Luís o que havia acontecido, ele levantou-se da cadeira indignado:

“_Mas o que este sacripanta quer? Já não bastou tudo que ele fez? Como ele a achou aqui Nina?”

“_Não sei Dr. Luís... Há muito tempo não sentia tanto medo. Se o senhor não aparecesse, eles teriam conseguido me arrastar com eles. Sabe-se lá qual era a intenção dele... sei que não era boa.”

“_Minha ansiedade e preocupação em receber os documentos, fez com que eu fosse me certificar de que você não se esqueceria de pegá-los, decidi ir ao seu encontro,  fazendo o caminho que costuma fazer, foi quando ouvi
 você gritar por minha ajuda.

“_As correspondências... Dr.Luís... as correspondências, eu as perdi.”  Ela falou assustada.

“_Calma, não as perdeu, eu as peguei no chão, estão aqui. Duas estão endereçadas à você, pegue-as e vá para casa Hoje você não trabalha, descanse, amanhã estará melhor.”
                                                      
Ao chegar em casa, fechou a porta com todas as trancas, há muito tempo não fazia isso, mas agora... muita coisa iria mudar e o que era pior, provavelmente ela também não poderia mais continuar morando no vilarejo....

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Recomeçar 5ª parte

Como havia combinado, Heitor passou para pegá-la na hora marcada para irem á confeitaria. Já servidos, Heitor confidenciou á ela muitas coisas de sua vida, também do sentimento que ela havia despertado nele após tantos anos de solidão. Nina também lhe contou tudo que ele queria saber, falou de seu traumático casamento com Fabrício, de seus pais, de como Jonas a havia libertado de várias formas, e lhe disse que apesar de tê-la deixado por uma mulher bem mais jovem, ela não guardava rancor dele!

“_ Sabe o que mais me espanta Nina? Como você consegue não guardar rancor de seu primeiro marido, deste... homem, se é que posso chamá-lo assim? E de Jonas, embora ele á tenha feito feliz por todos esses anos, como você disse, não o isento da responsabilidade, afinal ele a tirou de uma vida confortável... para deixá-la desamparada e sozinha? Realmente não entendo.”

“_Heitor, eu não estou desamparada! Posso estar sozinha.. não desamparada, Dr. Luís e Dona Júlia são mais meus pais do que patrões...Embora muitas pessoas ainda me olhem de soslaio, baixem a cabeça ao me cruzarem, conquistei o respeito de alguns. E gosto de minha liberdade. Em nenhum momento pensei em voltar para junto de meus pais. Não pense que foi ou é fácil, assumir os caminhos que desejei trilhar – ela abriu um sorriso- Mas não me arrependo.”

“_ Você é muito corajosa menina, na sociedade em que vivemos; imagino os desafios que já teve que enfrentar. Mas entendo... e a admiro ainda mais agora.” Heitor afirmou retribuindo-lhe o sorriso...

O cocheiro parou em frente a casa de Nina, Heitor ajudou-a a descer, era hora de ir embora.

“_ Adorei passar a tarde com você Nina, saber mais de sua vida, de seus sentimentos. Amanhã cedo partirei para a fazenda...mas voltarei assim que for possível para continuarmos nosso assunto. Permita-me escrever-te?”

“_Mas é Claro! Escreva-me, prometo responder-lhe todas. Desejo-lhe uma boa viagem. Obrigada por seu convite, e tão agradável companhia.”

“_Foi só um primeiro dos muitos encontros que poderemos ter, encantado. - 
Despediu-se Heitor beijando-lhe a mão- "_Agora entre, só depois partirei.”

Ela abriu a porta, e acenou-lhe em despedida, sentindo o calor da boca de Heitor em suas mãos. 


Ao deitar-se para sua noite de sono, pensou em Heitor, na gentileza com que ele lhe tratara, sentiu-se feliz por ter um amigo. Quase adormecendo, sussurrou :

“_ Esperarei por sua carta meu amigo, esperarei....”





terça-feira, 9 de agosto de 2016

Recomeçar 4ª Parte

Dois dias haviam se passado desde o jantar de recepção de Heitor, ele passava a maior parte do tempo com Dr. Luís fazendo visitas pela cidade, não haviam mais se encontrado desde então.

Como todo sábado,  Nina estava ajeitando casa e as roupas, para que durante a semana pudesse descansar depois do dia de trabalho.

Bateram na porta, ela olhou pela janelinha, se espantou... era Heitor.  Ajeitou-se rapidamente no espelho da entrada, e abriu a porta.

“_Senhor Heitor? Aconteceu alguma coisa com Dr. Luís?”

“_ Bom dia menina, não houve nada pode sossegar o coração.”  Respondeu Heitor sorrindo o que trouxe alívio á ela.

“_ Perdoe-me Sr. Heitor. Bom dia! Gostaria de entrar?”

“_ Pare de me chamar de Senhor, não pediu que a chamasse pelo apelido? Peço agora que me chame apenas Heitor, combinado?”

“_Sim! Gostaria de entrar... Heitor?”

“_Não ficaria bem para você se eu entrasse." – disse ele sorrindo 
"_ Vou apenas fazer-lhe um convite. Está ocupada esta tarde? Gostaria de convidá-la para um chá, na confeitaria do centro. Aceita?”

O convite de Heitor a pegou de surpresa. Ele era um homem bonito, elegante, educadíssimo e muito charmoso, mas.. ela ainda não o  havia visto com olhos de mulher, apenas o via como amigo de seu patrão. Pensou rapidamente:

“_ Não tenho compromisso, Vou adorar ir com o senhor...digo, você à confeitaria, Convite aceito!”

“_ Ótimo. Passarei as 15.00 horas para pegá-la, pode ser?”

“_ Agradeço Heitor, estarei pronta.”

“_ Bom, Sendo assim... até mais ver.”

“_ Até mais ver senhor.... até mais ver Heitor.”

Nina tinha a impressão de ter saído do chão quando abriu a porta e voltado agora que a fechou. Pensou que foi atrevida, aceitou o convite sem nem sequer perguntar o que ele queria. 
"_Que vergonha Nina, você é uma oferecida." Repreendeu-se em voz alta.

Enquanto se arrumava para esperar Heitor, alguma coisa lhe dizia que algo diferente de tudo o que havia vivido até aquele momento estava prestes a acontecer, sentiu-se ansiosa...um frio na barriga que a muito não sentia... Olhou-se no espelho, gostou do que viu... e estava gostando de saber que se arrumava para sair com ele....






Recomeçar parte 3

Como havia prometido,  Heitor ao voltar de Londres, foi visitar o amigo.
Em uma manhã de setembro,  Nina cuidava dos documentos da loja quando foi surpreendida pela voz dele.
“_ Bom dia! Por favor,  Dr. Luís está ? “ Perguntou ele sem reconhecê-la.

“_ Sr. Heitor, seja bem vindo. Ele está ansioso a sua espera, desde sua última carta não parou de falar um só minuto em sua visita.” Disse-lhe com gentileza. 

"_ Maria Emília, desculpe, não a reconheci, como está menina? " Cumprimentou-a Heitor, beijando-lhe o dorso da mão, como já havia feito no dia em que a trouxera da festa.

"_ Não se preocupe, nos vimos apenas uma vez. O importante é que está de volta. Como foi a viagem?"

"_Boa, muito boa, obrigada Maria Emília."

“ _ Se não se importar, pode me chamar de Nina? Ela falou com ar divertido 

"_ Maria Emília, é muito formal, só o ouvia quando levava repreendas de meus pais. Se importa?"

"_ Imagine! Será um prazer chamá-la  assim... Nina."

"_Me acompanhe por favor, o levarei até ele." 

Heitor a seguiu, observando seu modo de andar, sentiu seu discreto perfume, é uma bela mulher, pensou, deu-se conta de que desde que ficara viúvo nenhuma mulher o havia chamado a atenção, até este momento. 
 Seus pensamentos foram interrompidos quando ela parou em frente à porta da biblioteca que ficava dentro da casa.

“_ Com sua permissão Dr. Luís, há alguém aqui que deseja vê-lo.” Nina anunciou sorrindo e apontando para Heitor. Ao ver a surpresa e alegria de seu patrão ao rever o amigo, deixou-os a sós, voltando aos seus afazeres na loja.
A noite houve um jantar de recepção ao amigo, apenas á família e como Nina era vista pelo casal como quase da família também foi convidada a participar. 

Após o jantar foram para a sala conversar. 
Nina ficou em companhia de D. Júlia, esposa do Dr. Luís, enquanto eles ficaram do outro lado da sala. 
Passado um bom tempo de conversa, licores, risos e boa conversa. Nina decidiu ir embora.

“_D. Julia, vou para casa, já está ficando tarde .”

“_ Ahh.. não filha! Ficarei aqui com estes dois alegres beberrões?”   Disse D. Júlia achando graça em seu próprio comentário.  “ _ Mas...eu entendo querida, não é seguro uma mulher andar sozinha muito tarde da noite, também vou me recolher. Obrigada pela sua companhia.”
_ Obrigada á vocês Dona Júlia, por sempre me incluírem em seus compromissos familiares, sinto-me imensamente grata por isso. Até amanhã, bom descanso. ”

Nina despediu-se de Heitor e de Luís, retirando-se .

”_ O marido desta menina... ele não a vem buscar, não frequenta a casa?.” Perguntou Heitor á Luís ao ver Nina retirar-se .

Luís baixou os olhos franziu os lábios, e respondeu a pergunta do amigo:

“_ Ahhh meu amigo, ele a trocou pela filha do “Coronel.” Explicou Luís chamando pelo apelido o patrão de Jonas. “_ Desde então estão separados, ela está sozinha. É uma boa mulher, dedicada, meiga..." Luís continuou a falar de Nina, contou alguns fatos  que ele sabia, pois ela havia contado á ele sem muitos detalhes.
“_Espantoso o que me fala Luís... uma moça gentil, de boa educação. É lamentável o comportamento de alguns homens.”  Heitor comentou um tanto chateado pelo que ouvira do amigo.

Ficaram boas horas conversando, rindo, bebendo, fumando charutos, até que Heitor falou:

"_ Meu amigo,  se não se importar  
vou me recolher, a viagem foi um tanto cansativa.”

“_ Claro Heitor, vou pedir a governanta que o leve aos seus aposentos.”

Naquela noite Heitor não dormiu, pensava em Nina, por mais que tentasse,  não conseguia tirar aquela mulher da cabeça. Alguns poucos detalhes que Luís lhe falou sobre ela, o deixaram com profunda vontade de conhecê-la. Sua fragilidade física, delicadeza dos traços, educação,  não combinavam com as histórias resumidas que o amigo lhe contara.
Estava decidido,  antes de voltar para casa, iria fazer uma visita a Nina, precisava descobrir mais da única mulher que lhe despertou o interesse após tantos anos de solidão...





quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Recomeçar 2ª parte



Nina passou no correio como todos os meses antes de ir para a loja,  esperava pelas cartas dos pais, religiosamente entregues no mesmo dia de todo mês. 

Desta vez além da carta dos pais, havia uma correspondência ao Sr. Luiz que mais que um patrão todos estes anos, tinha sido como um pai para ela. 
Olhou o remetente, era de Heitor, o homem que lhe levou pra casa no dia em que descobriu a traição de Jonas.
Continuou seus afazeres, pensava o quão rápido o tempo havia passado, já fazia seis meses que ela e Jonas haviam se separado,  nunca mais se encontraram, ela soube que ele estava morando na fazenda com a jovem e ajudava o patrão que agora era seu sogro. Casaram-se pois ela teria um filho dele em breve. Deduziu por ai que quando Jonas foi embora, ela já estava grávida de uns dois meses.               Em seu coração pensava, “Jonas será pai, eu nunca poderia fazer isso por ele. Será por isso que me traiu? ” Seus devaneios foram interrompidos por Sr. Luiz :
“_Nina, olhe só que notícia maravilhosa."- disse Luiz - "Meu amigo Heitor estará de volta ao Brasil por meados de setembro. Diz que virá nos fazer uma visita.... ele manda lembranças a ti, vocês se conhecem de onde?”
“_ Ahh... O Sr. Heitor? Nós nos conhecemos no dia da festa na fazenda São João. Foi ele que me trouxe para casa naquele dia, lembra-se? Comentei com o Senhor!” Respondeu ela se recompondo das lembranças.
“ _ É Verdade!!! Havia me esquecido,... que cabeça minha. De qualquer forma, virá nos ver assim que aportar!” Disse Luiz com um ar de cupido.  
Heitor não sabia que Nina havia se separado, foram apresentados na festa da fazenda, ela como a esposa de Jonas.
“_ Que bom, é muito compensador rever os amigos, fico feliz pelo senhor.”
Com tantos dias iguais, vazios, sem novidades ou boas surpresas para ela,  sentiu-se feliz em saber que teria um dia diferente dos outros em breve.....



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