Nina pensava no quanto estava pagando sua língua.
Um mês atrás ela acreditava que estava “vacinada” contra várias coisas, como por exemplo falsas ilusões, expectativas e paixões impossíveis.
Há muito tempo havia deixado de ver as situações pelo lado romântico.
Lembrou-se de Eduardo e da primeira vez que o viu na festa de Aline, pensou na sua ousadia em beijá-lo sem sequer imaginar quem ele era.
Ele telefonou para ela na mesma semana, conversaram várias vezes, apesar da decepção por ele não mencionar encontrá-la pessoalmente como ela desejava, continuou atendendo seus telefonemas, estava gostando da forma como ele pensava, conversavam por horas.
No último dia em que se falaram, ele contou que faria uma viagem de negócios e que ao retornar a procuraria. Ela não acreditou no que ele disse, com certeza nunca mais falaria com ele, melhor esquecer, pensou ela.
Duas semanas se passaram, aconteceu algo que ela não esperava, estava sentindo saudade!
O destino lhe pregou uma peça... ela estava apaixonada por um homem que ela nem sabia ao certo quem era.
Um mês se passou, ele sumiu, não ligou, nem mandou uma mensagem sequer.
Novamente a vida colocou-a em uma situação que teria que resolver sozinha, como fazer para esquecer algo que ela nunca teve?
Sentou-se no banco que havia na área de lazer do prédio onde morava, pegou o celular na inútil esperança de ver uma mensagem.
“Como você pode ser tão idiota Nina?” Resmungou baixinho:
“Não fale assim de você!” Uma voz masculina soou de trás dela.
“Aiii, que susto!” Ela gritou olhando para o moço que imaginou ser morador de um dos prédios do condomínio.
“Desculpe, não foi minha intenção assustá-la, só acho que não deve falar assim de você!”
“Eu sei disso, falei sem pensar.”
“O que faz você se sentir tão...idiota? Problemas com o cupido suponho? Ele riu.
“Pois é, este anjinho apronta das suas!” Ela deu um risinho sem vontade.
“Brigou com o namorado?”
“Você não acha que é muito atrevido não?” Ela perguntou não acreditando na liberdade do rapaz com perguntas tão íntimas. Tiveram uma conversa divertida, ele era engraçado, era amigável e muito gentil. Ela contou a ele o que estava acontecendo, ele falou coisas muito interessantes e verdadeiras, decidiu que pensaria nelas antes de dormir.
"Vou entrar agora." Ela avisou.
“Fique tranquila, pode começar a se animar por que ele esta voltando viu. Assim que chegar você será a primeira pessoa que ele vai procurar. Acredite... confie em mim!”
“Vejo que temos aqui um adivinho?” Ela comentou rindo muito do que ele disse. “Como se chama? Conversamos tanto e nem sei seu nome!”
“Cristiano! Muito prazer!Você é... Nina!”
“Como sabe?” Perguntou espantada.
Ele apontou para o peito dela que ao olhar viu que havia esquecido de tirar o crachá.
“Ahh, como fui desligada! Nem percebi que sai com ele! Muito obrigada pela conversa Cristiano, foi um prazer conhecê-lo, quem sabe nos encontremos por acaso de novo.”
“Não há de que, espero que esteja se sentindo mais leve. Não esqueça do que falei, você será a primeira pessoa que ele vai procurar quando voltar! Você vai lembrar-se de mim, e antes que eu me esqueça, acaso não existe!” Ele deu uma piscadinha pra ela e tomaram rumos opostos. Nina virou-se para perguntar em qual prédio ele morava, não o viu!
“Que coisa!” sussurrou intrigada enquanto o elevador subia. Olhou o crachá que tirou do pescoço Maria Emília "Meu Deus, ele me chamou pelo meu apelido, como não me dei conta disso?”
Nina sentiu um arrepio percorrer seu corpo...soube neste momento que depois de tanto tempo ela havia voltado a ver e falar com anjos...