sexta-feira, 4 de novembro de 2016

A taróloga

Marcado o dia, Neide compareceu ao endereço na hora marcada, foi atendida por uma mulher.

“_Bom dia! Seja bem vinda Neide, sou Nina vamos entrar!!!”

“_Obrigada!”

A mulher a levou a uma pequena sala, onde havia apenas uma mesa redonda, duas cadeiras, uma imagem de Nossa senhora e muitos anjinhos pendurados em um móbile. Sentiu um cheiro agradável de incenso.

“_Sente-se!” Disse a taróloga apontando a cadeira a sua frente, com um sorriso bastante acolhedor “_ Você já jogou tarô alguma vez Neide?”

“_Não, nunca! Uma amiga me indicou a senhora, disse que poderia ajudar, não sei o que fazer... nem o caminho a seguir!” Respondeu.

“_Bem, gosto de falar algumas coisas antes de fazer as previsões, algumas pessoas sentam diante de um tarólogo e pensam que estão diante de um vidente, e não é isso.”  Sorriu discretamente a taróloga, observando a tensão da consulente a sua frente, os braços cruzados talvez como um gesto de defesa, continuou calmamente já esperando uma reação .

“_O tarô é um orientador, ele dá diretrizes, mas as decisões e escolhas serão suas, seu livre arbítrio será respeitado...”

A taróloga foi interrompida pelo choro compulsivo e nervoso de Neide.

“_Desculpe senhora!” Disse entre um soluço e outro.

“_Não há o que desculpar minha querida!” Disse a taróloga, pegando um copo com água e entregando à moça. “Está muito sensível e tensa! Calma... Gostaria de conversar?”

“_Não! Eu quero jogar taro!” Disse Neide com tom um tanto agressivo.

“_Está certo! Acalme-se, tudo vai ficar bem!”

A taróloga, respeitando a vontade de sua consulente e sem saber de nada sobre a vida daquela mulher que estava a sua frente, dispôs as cartas em leque.

“_Retire 13 lâminas, e me entregue uma a uma.”

Neide fez o que a taróloga pediu enquanto observava atenta e ainda ressabiada a mulher manusear as cartas.

Aos poucos começou a se soltar e adquirir confiança. Estava admirada pela forma que a mulher Interpretava as lâminas que ela mesma abria uma a uma, pensava como podia alguém desnudar sua vida se ela não havia falado nada?

 Isso fez com que Neide se abrisse mais e o que seria uma consulta se tornou mesmo uma terapia, tinha agora uma clareza maior das coisas que a estavam afligindo e concluiu sem nada dizer: “_Como não pensei nisso antes? É isso mesmo que está acontecendo!"

Acabada a consulta Neide revelou envergonhada:

“_Vou confessar uma coisa, quando você me perguntou se eu queria conversar, eu não quis porque achei que você usaria minhas informações para ler as cartas!

“_Isso acontece! Respondeu a taróloga. "_Infelizmente nem todas as pessoas são honestas e nem todo tarólogo é verdadeiro. Mas saiba que existe um código de ética também para os tarólogos, e ele tem que ser respeitado. Não podemos revelar nada à ninguém, nem mesmo a quem é bem próximo, nosso trabalho é sigiloso. Não há videntes, adivinhos ou bruxos, embora até existam alguns, mas não é o meu caso." Nina explicou sorrindo para a moça.

“_Atende muitas pessoas?”

“_ Na verdade, passei a usar o taro como uma forma de auxiliar as pessoas próximas a mim, família, amigos. Hoje, atendo poucas pessoas, geralmente amigos indicam outros amigos, e assim eu sigo. Quem precisa sempre chega até mim!”

“_Eu fiquei boba de ver você desnudar minha vida em alguns momentos, como pode?”

“_ Neide, todas as lâminas (as cartas)que você escolheu, foram escolhidas pelo seu inconsciente que confiou à mim a interpretação de seus dilemas. Todas as respostas que obteve através deste oráculo, estavam dentro de você.”

“_
Isso é fantástico. Quanto lhe devo?”

“_Não me deve nada!”

“_Como não? Como posso agradecê-la?”

”_ Agradeça-me fazendo o melhor por você mesma, confie mais em seu potencial. Acredite que tudo pode ser mudado pela força de uma oração. Permita-se ser feliz !

Nascia ali mais uma grande e verdadeira amizade.

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