domingo, 13 de novembro de 2016

Folha

Ainda que não tenha mais o viço, a cor e aparência de minha tenra idade e
o tempo tenha marcado minhas fibras, tornando minha forma verde em um transparente rendado, minha essência não mudou, está intacta.
Trago ainda em meu corpo sutil, as marcas de minha vida em matéria, resquícios do que julgamos um dia ser importante...aparência.
Estou no etéreo, vês somente meu esboço, minha silhueta, mas estou aqui...ainda sou uma folha.
O permanente pensamento humano do que é concreto, o torna pesado demais, ao ponto de não notar minha presença sutil e serena, mas...estou aqui.
Meu centro está vivo, tornei-me leve, suave, transparente, poucos conseguem me notar, sentir minha presença, ainda que não me vejas estou viva, procura-me no etéreo... me encontraras...diferente, transformada, bela e eterna!
Não sou mais verde, mas ainda sou uma folha.

2 comentários:

  1. Essa sensibilidade em ver a beleza em seu último estágio da vida, sensibilidade esta que só os poetas/poetizas possuem.

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    1. Boa tarde minha linda. Nice, eu noto coisas e me aproximo daquilo que ninguém quer ou valoriza rsrs. Ao ver este esboço de folha que o vento não conseguia levar, me intrigou, quando a peguei na mão, senti sua textura suave, e não se rompem as fibras. Imagino que ela era uma folha de hortênsia, cultivo muitas e achei legal homenagear a folha que tanto coloriu meu jardim. Beijos querida muito obrigada!

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