domingo, 14 de agosto de 2016

Recomeçar - parte 6

Nina passou no correio, um mês já havia se passado, duas correspondências para ela, a de Heitor e de sua mãe, as demais do Dr.Luís, que no dia anterior havia dito várias vezes que ela não se esquecesse de passar no correio porque esperava um documento muito importante.

Caminhando rumo a loja, uma mulher agarrou-a pelo braço e começou a forçar-lhe o passo, ao que ela indagou :

“_Ei o que é isso? Quem é você?”

A mulher vestida exoticamente, com um ar arrogante e um forte perfume, apertou-lhe mais o braço e falou irritada:

“_ Fique quieta, venha alguém quer falar com você.”

“_Não. Me solte...me solte...

A mulher parou em frente a uma carruagem, abriu a porta e Nina viu Fabrício, o desespero tomou conta dela, que em vão tentava soltar-se das mãos da mulher que a empurrava para dentro, e de Fabrício que a puxava doloridamente pelo braço forçando-a a entrar, não acreditava que estava frente a frente daquele sorriso maldoso e sarcástico novamente, era um pesadelo. 
Fabrício falou entre os dentes:

“_Sua cadela. Pensou que se livraria de mim? -Encostando sua boca bem perto dela esbravejou- "Eu te encontrei... agora vai levar o que merece por haver me feito passar ridículo quando foi para baixo das asas do papai!”

Nina gritava, ninguém por perto para ajudá-la , ela se debatia, chorava, gritava, olhava para os lados em busca de socorro. Resistia com toda força que possuía para que não conseguissem colocá-la para dentro. Ela sentia que se entrasse naquela carruagem, algo grave iria acontecer.

“_Me soltem, o que quer comigo? Não temos mais nada é conversar!”

“_ Será mesmo Maria Emília?! Ninguém esquece algo como o que você fez comigo. Nem mesmo tendo se passado cinco anos.”

“_ E o que você fez comigo...Sr. Fabrício?” - Gritou ela- Nem em mil anos esquecerei, me chutou, arrancou meu filho de mim, me bateu, humilhou, o que mais quer? Solte-me seu bêbado!!!”

Quase sem forças para continuar tentando se desvencilhar de Fabrício e da mulher, ela olhou mais uma vez para os lados em busca de ajuda, avistou Dr. Luís caminhando em direção ao correio e gritou:

“_Dr.Luís, me ajude. Dr. Luís...”

Luís então a viu sendo empurrada para dentro da carruagem e correu em seu socorro. Fabrício a olhou com ódio nos olhos e perguntou aos berros:

“_Quem é este idiota... quem é?” Irritado com a aproximação de Luís, ele a soltou deixando-a cair. A mulher entrou rapidamente na carruagem e o cocheiro saiu em disparada.

“_Nina, você esta bem, o que aconteceu filha?” Perguntou Luís ajudando-a a se levantar. Ela agarrou-se á ele chorando. “_Venha, vamos para casa. Acalme-se agora está tudo bem.”

Dona Júlia perguntou pegando a xícara de chá que ela acabara de tomar:

“_Você está melhor minha querida, quer falar o que houve?”

Ela contou a Dona Júlia e a Luís o que havia acontecido, ele levantou-se da cadeira indignado:

“_Mas o que este sacripanta quer? Já não bastou tudo que ele fez? Como ele a achou aqui Nina?”

“_Não sei Dr. Luís... Há muito tempo não sentia tanto medo. Se o senhor não aparecesse, eles teriam conseguido me arrastar com eles. Sabe-se lá qual era a intenção dele... sei que não era boa.”

“_Minha ansiedade e preocupação em receber os documentos, fez com que eu fosse me certificar de que você não se esqueceria de pegá-los, decidi ir ao seu encontro,  fazendo o caminho que costuma fazer, foi quando ouvi
 você gritar por minha ajuda.

“_As correspondências... Dr.Luís... as correspondências, eu as perdi.”  Ela falou assustada.

“_Calma, não as perdeu, eu as peguei no chão, estão aqui. Duas estão endereçadas à você, pegue-as e vá para casa Hoje você não trabalha, descanse, amanhã estará melhor.”
                                                      
Ao chegar em casa, fechou a porta com todas as trancas, há muito tempo não fazia isso, mas agora... muita coisa iria mudar e o que era pior, provavelmente ela também não poderia mais continuar morando no vilarejo....

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