terça-feira, 9 de agosto de 2016

Recomeçar parte 3

Como havia prometido,  Heitor ao voltar de Londres, foi visitar o amigo.
Em uma manhã de setembro,  Nina cuidava dos documentos da loja quando foi surpreendida pela voz dele.
“_ Bom dia! Por favor,  Dr. Luís está ? “ Perguntou ele sem reconhecê-la.

“_ Sr. Heitor, seja bem vindo. Ele está ansioso a sua espera, desde sua última carta não parou de falar um só minuto em sua visita.” Disse-lhe com gentileza. 

"_ Maria Emília, desculpe, não a reconheci, como está menina? " Cumprimentou-a Heitor, beijando-lhe o dorso da mão, como já havia feito no dia em que a trouxera da festa.

"_ Não se preocupe, nos vimos apenas uma vez. O importante é que está de volta. Como foi a viagem?"

"_Boa, muito boa, obrigada Maria Emília."

“ _ Se não se importar, pode me chamar de Nina? Ela falou com ar divertido 

"_ Maria Emília, é muito formal, só o ouvia quando levava repreendas de meus pais. Se importa?"

"_ Imagine! Será um prazer chamá-la  assim... Nina."

"_Me acompanhe por favor, o levarei até ele." 

Heitor a seguiu, observando seu modo de andar, sentiu seu discreto perfume, é uma bela mulher, pensou, deu-se conta de que desde que ficara viúvo nenhuma mulher o havia chamado a atenção, até este momento. 
 Seus pensamentos foram interrompidos quando ela parou em frente à porta da biblioteca que ficava dentro da casa.

“_ Com sua permissão Dr. Luís, há alguém aqui que deseja vê-lo.” Nina anunciou sorrindo e apontando para Heitor. Ao ver a surpresa e alegria de seu patrão ao rever o amigo, deixou-os a sós, voltando aos seus afazeres na loja.
A noite houve um jantar de recepção ao amigo, apenas á família e como Nina era vista pelo casal como quase da família também foi convidada a participar. 

Após o jantar foram para a sala conversar. 
Nina ficou em companhia de D. Júlia, esposa do Dr. Luís, enquanto eles ficaram do outro lado da sala. 
Passado um bom tempo de conversa, licores, risos e boa conversa. Nina decidiu ir embora.

“_D. Julia, vou para casa, já está ficando tarde .”

“_ Ahh.. não filha! Ficarei aqui com estes dois alegres beberrões?”   Disse D. Júlia achando graça em seu próprio comentário.  “ _ Mas...eu entendo querida, não é seguro uma mulher andar sozinha muito tarde da noite, também vou me recolher. Obrigada pela sua companhia.”
_ Obrigada á vocês Dona Júlia, por sempre me incluírem em seus compromissos familiares, sinto-me imensamente grata por isso. Até amanhã, bom descanso. ”

Nina despediu-se de Heitor e de Luís, retirando-se .

”_ O marido desta menina... ele não a vem buscar, não frequenta a casa?.” Perguntou Heitor á Luís ao ver Nina retirar-se .

Luís baixou os olhos franziu os lábios, e respondeu a pergunta do amigo:

“_ Ahhh meu amigo, ele a trocou pela filha do “Coronel.” Explicou Luís chamando pelo apelido o patrão de Jonas. “_ Desde então estão separados, ela está sozinha. É uma boa mulher, dedicada, meiga..." Luís continuou a falar de Nina, contou alguns fatos  que ele sabia, pois ela havia contado á ele sem muitos detalhes.
“_Espantoso o que me fala Luís... uma moça gentil, de boa educação. É lamentável o comportamento de alguns homens.”  Heitor comentou um tanto chateado pelo que ouvira do amigo.

Ficaram boas horas conversando, rindo, bebendo, fumando charutos, até que Heitor falou:

"_ Meu amigo,  se não se importar  
vou me recolher, a viagem foi um tanto cansativa.”

“_ Claro Heitor, vou pedir a governanta que o leve aos seus aposentos.”

Naquela noite Heitor não dormiu, pensava em Nina, por mais que tentasse,  não conseguia tirar aquela mulher da cabeça. Alguns poucos detalhes que Luís lhe falou sobre ela, o deixaram com profunda vontade de conhecê-la. Sua fragilidade física, delicadeza dos traços, educação,  não combinavam com as histórias resumidas que o amigo lhe contara.
Estava decidido,  antes de voltar para casa, iria fazer uma visita a Nina, precisava descobrir mais da única mulher que lhe despertou o interesse após tantos anos de solidão...





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