quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Recomeçar 5ª parte

Como havia combinado, Heitor passou para pegá-la na hora marcada para irem á confeitaria. Já servidos, Heitor confidenciou á ela muitas coisas de sua vida, também do sentimento que ela havia despertado nele após tantos anos de solidão. Nina também lhe contou tudo que ele queria saber, falou de seu traumático casamento com Fabrício, de seus pais, de como Jonas a havia libertado de várias formas, e lhe disse que apesar de tê-la deixado por uma mulher bem mais jovem, ela não guardava rancor dele!

“_ Sabe o que mais me espanta Nina? Como você consegue não guardar rancor de seu primeiro marido, deste... homem, se é que posso chamá-lo assim? E de Jonas, embora ele á tenha feito feliz por todos esses anos, como você disse, não o isento da responsabilidade, afinal ele a tirou de uma vida confortável... para deixá-la desamparada e sozinha? Realmente não entendo.”

“_Heitor, eu não estou desamparada! Posso estar sozinha.. não desamparada, Dr. Luís e Dona Júlia são mais meus pais do que patrões...Embora muitas pessoas ainda me olhem de soslaio, baixem a cabeça ao me cruzarem, conquistei o respeito de alguns. E gosto de minha liberdade. Em nenhum momento pensei em voltar para junto de meus pais. Não pense que foi ou é fácil, assumir os caminhos que desejei trilhar – ela abriu um sorriso- Mas não me arrependo.”

“_ Você é muito corajosa menina, na sociedade em que vivemos; imagino os desafios que já teve que enfrentar. Mas entendo... e a admiro ainda mais agora.” Heitor afirmou retribuindo-lhe o sorriso...

O cocheiro parou em frente a casa de Nina, Heitor ajudou-a a descer, era hora de ir embora.

“_ Adorei passar a tarde com você Nina, saber mais de sua vida, de seus sentimentos. Amanhã cedo partirei para a fazenda...mas voltarei assim que for possível para continuarmos nosso assunto. Permita-me escrever-te?”

“_Mas é Claro! Escreva-me, prometo responder-lhe todas. Desejo-lhe uma boa viagem. Obrigada por seu convite, e tão agradável companhia.”

“_Foi só um primeiro dos muitos encontros que poderemos ter, encantado. - 
Despediu-se Heitor beijando-lhe a mão- "_Agora entre, só depois partirei.”

Ela abriu a porta, e acenou-lhe em despedida, sentindo o calor da boca de Heitor em suas mãos. 


Ao deitar-se para sua noite de sono, pensou em Heitor, na gentileza com que ele lhe tratara, sentiu-se feliz por ter um amigo. Quase adormecendo, sussurrou :

“_ Esperarei por sua carta meu amigo, esperarei....”





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