“_ Sabe o que mais me espanta Nina? Como você consegue não guardar rancor de seu primeiro marido, deste... homem, se é que posso chamá-lo assim? E de Jonas, embora ele á tenha feito feliz por todos esses anos, como você disse, não o isento da responsabilidade, afinal ele a tirou de uma vida confortável... para deixá-la desamparada e sozinha? Realmente não entendo.”
“_Heitor, eu não estou desamparada! Posso estar sozinha.. não desamparada, Dr. Luís e Dona Júlia são mais meus pais do que patrões...Embora muitas pessoas ainda me olhem de soslaio, baixem a cabeça ao me cruzarem, conquistei o respeito de alguns. E gosto de minha liberdade. Em nenhum momento pensei em voltar para junto de meus pais. Não pense que foi ou é fácil, assumir os caminhos que desejei trilhar – ela abriu um sorriso- Mas não me arrependo.”
“_ Você é muito corajosa menina, na sociedade em que vivemos; imagino os desafios que já teve que enfrentar. Mas entendo... e a admiro ainda mais agora.” Heitor afirmou retribuindo-lhe o sorriso...
O cocheiro parou em frente a casa de Nina, Heitor ajudou-a a descer, era hora de ir embora.
“_ Adorei passar a tarde com você Nina, saber mais de sua vida, de seus sentimentos. Amanhã cedo partirei para a fazenda...mas voltarei assim que for possível para continuarmos nosso assunto. Permita-me escrever-te?”
“_Mas é Claro! Escreva-me, prometo responder-lhe todas. Desejo-lhe uma boa viagem. Obrigada por seu convite, e tão agradável companhia.”
“_Foi só um primeiro dos muitos encontros que poderemos ter, encantado. - Despediu-se Heitor beijando-lhe a mão- "_Agora entre, só depois partirei.”
Ela abriu a porta, e acenou-lhe em despedida, sentindo o calor da boca de Heitor em suas mãos.
Ao deitar-se para sua noite de sono, pensou em Heitor, na gentileza com que ele lhe tratara, sentiu-se feliz por ter um amigo. Quase adormecendo, sussurrou :
“_ Esperarei por sua carta meu amigo, esperarei....”
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