estava ferida, haviam acertado de raspão sua perna.
Escondeu-se atrás de uma enorme pedra que avistou a sua frente.
Recostou-se ofegante, colocou o objeto que trazia
protegido de encontro ao peito no chão,
e apoiou sua cabeça sobre ele, assim o manteria seguro.
Estava com a roupa que dormia na hora
em que o castelo fora invadido. Ela era só uma serviçal,
estava no castelo desde criança,
com um único objetivo, reconquistar a liberdade de seu povo.
Só teve tempo de pegar o valioso objeto, o qual ela era a guardiã,
desde que os pais foram mortos defendendo sua posse.
Agora teria que esperar até que pudesse sair em segurança.
O cansaço a fez adormecer ... acordou bom tempo depois,
ouvia ao longe o barulho de vozes e o tropel dos cavalos.
Olhou para o tornozelo que doeu ao tentar se levantar,
seus cabelos estavam soltos e embaraçados, pés descalços.
Devia ter dormido um bom tempo, pois sentia sede, fome.
Percebia que se aproximavam, encolheu-se novamente
com o objeto preso entre seus braços, os olhos fechados, rezava.
Esperou que passassem, soltou a tensão dos ombros,
respirou aliviada, levantou-se com dificuldade,
sentia dor no tornozelo, apoiando-se nas pedras,
andava com cuidado, parou ao ver um cão
que a olhava e latia incessantemente,
ela encarou os olhos do cão que se acalmou
e sentou-se diante dela, acariciou o animal em agradecimento.
Sobressaltou-se ao perceber a presença de um homem...
ele fez sinal para que ela ficasse calada, deu-lhe água
e um pedaço de pão para comer enquanto limpava o ferimento
com algumas ervas que carregava na cintura,
enrolou com uma faixa de tecido que desamarrou da testa,
reforçou o sinal de silêncio, puxou seu cavalo
e entregou a ela as rédeas do animal, afastando-se devagar,
sem dar as costas pra ela, até correr e sumir na trilha de terra.
Deixou com ela o cão, ela ganhara um novo amigo e protetor!
Colocou o objeto na alça da sela, montou e saiu pela floresta
seguida pelo seu novo amigo.
Já anoitecia quando ela chegou ao riacho,
soltou o cavalo para beber água, pegou o objeto da sela...
saiu em direção a um canteiro que havia a sua frente.
Seu coração estava acelerado, mesmo após tanto tempo,
ela lembrava exatamente daquele lugar.
Chegou o momento que tanto esperou por toda vida,
a partir de agora ela seria livre e seu povo também,
estava feliz, havia cumprido a missão que o pai lhe dera..
Abrindo com cuidado o tecido de linho branco;
pegou o objeto, segurou-o diante do rosto,
com brilho nos olhos beijou a pedra que a adornava,
A Espada... hoje conseguia carregar o que já foi maior que ela!
Com satisfação colocou-a no local onde um dia foi retirada
pela violência, na luta pelo poder de escravizar um povo.
Este era símbolo de seu povo, a espada da justiça,
símbolo da lealdade, e da igualdade de um povo simples, porém guerreiro.
Ela agora iria brilhar no lugar que merecia, a paz e a liberdade
iria agora imperar, por muitos e muitos séculos sobre sua descendência !
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