quinta-feira, 2 de junho de 2016

LILÁS

Eu caminhava por uma viela escura,
ao meu lado uma presença me acompanhava...
senti que me protegia.
Continuamos caminhando pela viela
até chegarmos à uma rua bem larga,
escura, o chão molhado.
Muitas pessoas estavam sentadas em caixas,
estas usadas em feira para transportar frutas,
outras na "sarjeta" como diríamos.
Chamou minha atenção, entre tantas pessoas
a primeira pessoa que vi, sentada na caixa,
usava um casaco, uma touca de lã e tinha as pernas cruzadas
percebi que era do sexo masculino pelo modo que as cruzava.
Continuamos a caminhar pela longa rua,
meu acompanhante nada dizia, só me acompanhava,
percebi que vestia roupas brancas, tinha cabelos castanhos e curtos.
Ao chegar ao final, ele me pediu que parasse
e olhasse na linha do horizonte na altura da minha visão...
olhei então para a frente como ele pediu.
Vi,  enfileiradas uma ao lado da outra, de costas para mim,
algumas pessoas, todas de roupa cor de creme, cabelos lisos e curtos
que brilhavam como se usassem  brilhantina.
O sol começou a nascer aos poucos....
o palco do horizonte foi se iluminando seus raios eram uma mistura de cores!
As pessoas enfileiradas, começaram a ser envolvidas
por uma luz ....LILÁS era a cor que os envolvia...
os cabelos começaram a crescer rapidamente...
raios dourados começaram a  a rodeá-los
mostrando a cor dos cabelos agora longos e ruivos...
as roupas transformaram-se em túnicas todas na cor LILÁS ...todos iguaizinhos!
Com um sincronismo preciso, levantaram a cabeça
olhando em direção ao sol, que agora tomava conta de todo o horizonte...
asas desenrolaram das costas de cada um,
deixando uma visão inacreditável de admiração em mim.
Seguindo a ordem do meu orientador, caminhei seguindo seu gesto em direção a viela
demos a volta pelo quarteirão até chegar ao homem de touca de lã no início da rua,
percebi que não havia mais ninguém lá...só o homem da touca.
Ele então me disse:
_ Aquelas pessoas todas que você viu, não eram humanos...
são os anjos que você viu a luz do horizonte... este ...o de touca
é o único humano... percebeu o número de anjos humanos
necessário para livrar um ser humano perdido de sua verdadeira essência ?
Disse-me ele com olhar triste e voz embargada.
Eu nada falei, só senti o que ele dizia e continuou a falar-me:
_ A escuridão que vê...é a falta de esperança que o envolve.
_ E o chão molhado? Perguntei!
_ O chão molhado....(ele deu um sorriso discreto) surge quando ele resiste em aceitar
... que tem valor
... que existe uma força maior no universo
... que ele é sim, muito importante para alguém
... e desiste de si mesmo!
E ai que os anjos choram.... o chão molhado...
são as lágrimas dos anjos, quando veem um ser amado desistir de si mesmo!!!


Por Sônia Regina

 









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